AFINCA • 22 de abril de 2020
Órgãos e associações da área de Ciência e Tecnologia (C&T) se mobilizam para convencer os parlamentares do Congresso Nacional a revogarem os efeitos das portarias 1.122/2020 do Ministério da Ciência, Tecnologia, Informação e Comunicação (MCTIC), e 34/2020 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Editadas em meados de março, juntas elas cortam bolsas de programas que precisam de incentivos e de áreas de ciências humanas, sociais e básicas. Essas áreas são vitais para o avanço no combate à Covid-19.
As críticas das entidades e o sucesso de abaixo-assinados que circulam pelas redes sociais fazem efeitos. No final de março foi editado pelo MCTIC novo documento que altera a portaria anterior e inclui “pesquisa básica, humanidades e ciências sociais” nas áreas prioritárias de incentivo.
Ainda assim, o Sindicato dos Gestores em Ciência e Tecnologia (SindGCT) e a Associação Nacional dos Pós-graduandos (ANPG) ponderam que a ação, apesar de representar avanço, não é suficiente para atender as necessidades da comunidade acadêmica. Para Roberto Muniz, presidente do SindCGT, a resposta do ministério foi dada para encerrar as críticas, mas foi feita às pressas. “A gente não quer remendo, continuamos solicitando diálogo”, disse. Segundo ele, pesquisadores das dezenas de universidades do país têm reclamado da falta de recursos para desenvolvimento de estudos urgentes, como os que afetam a pandemia atual.
Bolsas Perdidas
A Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) informa que a Capes vem sofrendo cortes significativos desde 2019, que somam quase oito mil bolsas perdidas. Segundo a associação, a Portaria 34/2020 chega para penalizar os programas mais novos, tirando os instrumentos necessários para que esses programas possam progredir. Ainda assim, ANPG destaca a grande competência dos cientistas brasileiros na guerra contra a Covid-19.
“Mesmo com defasagem do valor das bolsas, sem reajustes, sem direitos trabalhistas e previdenciários combinado à escassez total de recursos, os pós-graduandos no País estão produzindo ciência de qualidade, como aqueles que estão diretamente trabalhando para combate ao novo coronavírus, seja sequenciando em tempo recorde o genoma viral ou construindo modelos matemáticos para prever a incidência da doença”, escreveu a Associação em seu portal. (Com agências)