AFINCA • 27 de novembro de 2013
Há 20 anos o Dia Nacional de Combate ao Câncer é celebrado nas dependências do INCA, órgão que criou a data para chamar a atenção da mídia e, consequentemente, de toda a sociedade brasileira sobre riscos, estatísticas, incidências, entre outros dados, da doença. A reunião de pesquisadores, técnicos, médicos e jornalistas nessa data, no Inca, sediado no Rio de Janeiro, sempre fez sentido: afinal, ali, apesar dos ataques à saúde pública, ainda funciona o maior centro de referência em câncer do País.
Por alguma razão, às vésperas de um ano eleitoral, o Ministério da Saúde (MS) decidiu que era necessário mudar o cenário. No dia 26 (ontem!), os profissionais do Instituto foram informados que a solenidade de comemoração do Dia Nacional de Combate ao Câncer, evento planejado ao longo de um ano, fora suspenso por determinação do MS. O motivo? O ministro decidiu que seria assim. Ponto. No Rio, desmarca-se coletiva com a imprensa, recolhe-se o buffet já pago e compram-se as passagens mais caras, horas antes do evento, remarcado para o prédio-sede do Ministério da Saúde, no gabinete do ministro Alexandre Padilha, 5º andar (hoje!).
Entenda-se: o Inca é subordinado ao MS, faz parte da estrutura do ministério e tais decisões cabem ao titular da pasta. O que os servidores do Inca se questionaram, para além do óbvio desrespeito ao trabalho desenvolvido no Instituto de renome internacional, é a decisão política de afastar a mídia – e a possibilidade de maior esclarecimento da população – daqueles que mais entendem do assunto, presos em surpresa e indignação no interior de um certo prédio na praça Cruz Vermelha, Centro do Rio.
“Combater o preconceito é o primeiro passo para combater o câncer”, disse Padilha, nesta quarta-feira, 27, em Brasília. Informar à população, como bem sabe qualquer organismo internacional de combate ao câncer, é o passo zero. E informar correta e adequadamente. Isso foi observado na decisão no mínimo intempestiva e onerosa de mudança de local da celebração de um evento tão importante para a saúde pública?
Pense nisso, eleitor paulista.